Aumento de casos de coronavírus precisa ser encarado com serenidade

Quarentena não é vacina, principalmente para o novo coronavírus – Covid-19. Algo nesse sentido já foi afirmado por um prefeito do interior do estado de São Paulo durante uma entrevista a uma conceituada rádio-tv paulista, no mês de julho. A afirmação vai de encontro a um argumento muito propagado na tradicional mídia que dizia, lá no mês de março, que a única ‘vacina’ ou salvação da humanidade seria o isolamento social.

Aqui não há a intensão desqualificar o argumento dado como científico, nem tampouco endossar a afirmação do político, mas afirmar que é preciso encarar os fatos com serenidade, pois estamos falando de teses que buscam preservar vidas e aspectos substanciais à vida, a exemplo da economia, diante de uma crise sanitária desconhecida e sem rumo – aliás, posso afirmar que muitas vezes vejo má fé em parte dos políticos usando o termo Ciência para justificar suas ações supostamente atreladas às medidas de combate a pandemia do coronavírus (Covid-19). Além disso, avalio que informação correta e na quantidade certa é essencial e indispensável para tudo neste mundo.

Voltemos ao isolamento social com efeito de ‘vacina’. O problema aí é de natureza comportamental, especialmente da sociedade. Explico: dado o isolamento social, muitas vezes necessário ou indispensável, muitas pessoas, que cumpriram a determinação estão achando que pelo fato de terem ficado algum tempo em casa já ganharam imunidade durante a quarentena e agora podem fazer tudo fora de casa. Sabemos que não é bem assim que as coisas funcionam nessa pandemia. O propósito do isolamento social ou qualquer medida de distância social é outro – num plano mais universalizado: preparar o sistema de saúde como um todo ao tempo que reduz a propagação do vírus chinês.

Achar que cumprir isolamento social por certo período significa ganhar imunidade é um grande erro humanitário. Por isso o isolamento social jamais pode ser visto como vacina. Quem cumpre o isolamento social precisa encarar os fatos com franqueza e reconhecer que dentro de casa tem menores probabilidade de ser contaminado(a) pela infecção que tem gravidade imprevisível, em comparação com a circulação pelas ruas e diante de qualquer concentração social. Por outro lado, quem precisar sair de casa não está sentenciado a ser contaminado, tampouco sentenciado à morte, caso seja infectado.

Sem a vacina – de laboratório – é necessária muita quietude da sociedade diante do aumento de casos da pandemia, já que os estudos, por mais avançados que estejam, afirmam que é preciso conviver com o vírus de forma definitiva.

Mais de nove meses já se passaram desde as primeiras notícias do coronavírus. De lá para cá o vírus se tornou um perigo global e sacudiu especialistas do mundo todo, pois ninguém sabe ao certo o que acontece com a sociedade diante dessa pandemia. No caso do Brasil, após o carnaval, os profetas do caos “previam” milhões de mortes em curto espaço de tempo, caso os governantes não adotassem o famoso lockdown de Norte a Sul do país, sem data para iniciar, tampouco para finalizar. A referência era os países que passavam por momentos muitos difíceis. Mas esqueceram-se de avaliar as características específicas de cada nação, esqueceram-se de distinguir Ciência vs achismo trajado de ciência assinado por oportunistas.

Nesse período, indústrias farmacêuticas de todas as partes do planeta estão desenvolvendo suas vacinas com dezenas de estudos bem avançados e em etapas finais para produção em larga escala. Porém, precisamos agir com muita calma com essa solução, já que praticamente todos os processos estão sendo super acelerados nessa corrida farmacêutica, e o mínimo de erro pode representar outra crise sanitária e de consequências imprevisíveis.

Enquanto a vacina não é disponibilizada para a população, um estudo norte-americano divulgado recentemente sugere que a discutível “imunidade de rebanho” seja colocada em ação. Para os especialistas de diversas universidades renomadas, o ideal é que as pessoas que não são do grupo de risco sigam sua vida sem restrições para que, quando contaminado, pudesse desenvolver imunidade no sistema imunológico ao tempo em que se intensifica a vigilância e cuidados com o grupo de risco. Como referência, as universidades que desenvolveram o estudo pedem que todos os estudantes considerados fora de risco da infecção retornem o mais breve possível para a sala de aula.

Outro aspecto importante observado para essa conclusão é que a medicina já melhorou significativamente as técnicas de enfrentamento ao vírus chinês, isto é, o número de contaminados cresce significativamente diariamente ao tempo em que a taxa de letalidade cai e os pacientes se recuperam em menos tempos, principalmente nesse segundo semestre em que uma abordagem profilática está sendo cada vez mais indicada por médicos e especialistas.

Diante de tanta dúvida, número de pacientes, vítimas e expectativas, a única certeza que há é a constante vigilância e cuidados, principalmente com o grupo de risco, dispensando o pânico propagado por todo esse tempo.

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